sábado, dezembro 13, 2008

Porque...tenho saudades do meu Filho

“13 de Dezembro de 2008

Meu Filho

O teu Pai sempre foi uma pessoa destemida, aventureira, arrojada.
É nos desafios, quer pessoais, quer profissionais, que o teu Pai sempre vai buscar alento e forças para os superar.
Quanto maior o desafio, quanto mais difícil ele parece, mais força e ganas de atingir os objectivos, ultrapassar as expectativas consigo ter.
A vida simples e descomplicada não me preenche.

No dia 20 de Setembro de 1999, aterrei naquela que seria a minha casa por muitos anos e á qual, pelo facto de teres nascido nela, continuarei ligado com um laço de sangue, um laço de amor filial, o laço mais forte que pode existir.

Por contingências da vida, coisas que acontecem, com as quais temos de aprender a viver, os laços afectivos, de amor entre homem-mulher nem sempre são eternos e as pessoas separam-se. A maior dor que sinto não foi o facto de me separar da tua Mãe, mas sim o facto de ter de passar a viver longe de Ti, meu Filho.

Criar um filho, educá-lo, acompanhá-lo no dia a dia, nas alegrias e nas tristezas, na saúde e na doença, é o maior, mais complexo e difícil projecto que o Homem tem na sua vida.
E neste projecto recuso-me a deixar de participar.

Já passaram dois anos desde que passámos a ter de dividir o nosso tempo e desde que o Pai, por motivos profissionais, teve de ir trabalhar para longe da tua terra, há precisamente um ano e 7 meses, que luto por me manter omnipresente na tua vida, para que não sintas a falta do Teu Pai, de uma voz amiga que te conforta e aconselha, que te ouve, que te pergunta todos os dias como foi o teu dia, que de novo aprendeste, se dormiste bem, se comeste bem, se estás bem disposto.

Tenho conseguido visitar-te fim-de-semana sim, fim-de-semana não, esta tem sido a minha maior “luta” no sentido de criar em ti a imagem de que o Teu Pai não te abandonou. Espero que um dia compreendas….

O Papá gosta muito de ti e está sempre á distância da tua vontade, necessidade, sempre disponível para te escutar e, mesmo que longe, dar-te um abraço do tamanho do Mundo.

O trabalho é cada vez mais longe de onde vives e sei que compreendes que sem trabalho o Pai não pode visitar-te, ajudar-te, contribuir para o teu crescimento em todos os sentidos. Não há vidas perfeitas, está é a que temos, os dois, para já.

São 9h30, estou quase a aterrar na tua Ilha, já levo 5 horas de viagem sozinho para ir ao teu encontro e ainda falta uma hora para chegar perto de ti…

Desejo que chegue o dia em que possas acompanhar o Teu Pai naquela que é a viagem que ainda tenho/temos de fazer nesta Vida.

Um beijinho muito grande….”

2 Comments:

Blogger Paula Raposo said...

Fico mais uma vez a chorar...com esta tua carta para o Pedrinho. Ele compreenderá. A vida é assim mesmo. E...tu, que sabes a minha opinião, sabes o que penso. Mas...sei o que sentes. Nunca passei por isso, isto é: passei mas regressei. Deixas-me sem palavras. Milhões de beijos para o Pai e para o meu neto.

13/12/08 4:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito bonita esta carta que escreves ao teu filho. És um excelente pai. Quantos homens fazem o que tu fazes? Se há coisa que ele não se deve sentir é abandonado, um dia ele perceberá o porquê....e terá muito orgulho no pai dele. Acredita toda a minha vida convivi/vivi com a distância e sempre percebi o porquê, apesar das circunstâncias terem sido diferentes.
Beijinhos

14/12/08 5:37 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home